No Verão de 2004 atravessei Portugal para filmar o meu projecto: um road movie sobre um país que se atravessa em seis horas de norte a sul e em hora e meia de leste a oeste. A paisagem que percorri, era o Portugal pós-Euro 2004 e prestes a entrar no governo provisório de Santana Lopes. É um país parecido com a imagem que todos nós ainda temos da “nossa terra”, mas que já deixou de corresponder à realidade e é quase irreconhecível, como num postal. Foi esse pensamento que me levou a querer fazer este filme, veio confirmar, por vezes, de forma assustadora. Só conseguia pensar na letra de uma música do Morrisey: Hide on the promenade, etch a postcard: How I dearly wish I was not here in the seaside town that they forgot to bomb, Come, come, come – nuclear bomb… Mas não era isto que eu queria para o meu filme? Não era este caos que eu andava à procura e que me tinha feito meter nesta espécie de aventura? A realidade superou as minhas expectativas e, sim, era isto que eu queria para omeu filme. O problema é que não era isto que eu queria para o meu país.